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Cadê a água que estava aqui?

Cerca de nove milhões de pessoas na capital de São Paulo e região metropolitana são atendidos diariamente pelo sistema Cantareira, um conjunto de represas formado na década de 70 a partir da região de Bragança Paulista. Estas represas são alimentadas pelas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Os rios precisam das chuvas que caem em suas cabeceiras. Acontece que em 2013 e 2014 as chuvas não vieram em quantidade suficiente, à saída de água é maior que a entrada no sistema, resultado: a foto acima explica bem o drama que boa parte dos paulistanos passa nos últimos meses, a cada dia o Cantareira fica mais parecido com um deserto.

Técnicos e meteorologistas da USP e INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) explicam que normalmente chove nas bacias do Cantareira, nos meses secos (junho a agosto) cerca de 150 mm, ou seja, caem 150 litros de água por metro quadrado de terra, com os 600 mm do restante do ano, principalmente, na Primavera e Verão, os reservatórios recebem uma quantidade suficiente para manter os mananciais em níveis normais. Portanto, o Cantareira necessita de mais de 700 mm de chuvas anuais. Mas no primeiro trimestre de 2014 só caíram dos céus 300 mm. E para piorar ainda mais a situação, o calor é excessivo e o consumo alto.

Não é segredo que à população paulistana e das cidades da grande São Paulo aumenta dia a dia e com ela a necessidade de água. Sem condições de distribuir os 31 mil litros de água por segundo, como acontecia até maio, a Sabesp retira do sistema Cantareira apenas 23 mil litros por segundo. Parte ainda é desperdiçada nos encanamentos. Sem água para todo mundo, o jeito é economizar. A Sabesp tomou quatro medidas emergenciais para evitar o racionamento: redução de tarifa para quem reduzir em 20% o consumo; obras que trazem águas de outras represas (do Sistema Alto Tietê e de Guarapiranga); a instalação de 17 bombas flutuantes, que extraem água do volume morto; e uma campanha nas rádios e TVs, para convencer a população a economizar água.

Reféns da natureza e dos governantes, o povo de São Paulo mais uma vez faz a sua parte e paga a conta salgada esperando que a chuva chegue em abundância ainda este ano. A expectativa é que o Cantareira recupere parte da sua capacidade e fique nos 40% de volume. Uma recuperação total, segundo especialistas, só em cinco anos, com chuvas constantes.

Os paulistanos e paulistas da região metropolitana também esperam que o governo cumpra seu papel e faça as obras necessárias, como aumento da reserva do Cantareira, implantação de dispositivos anti-desperdício na rede, reservatórios para acondicionar o excesso de chuva atualmente desperdiçada como aconteceu em 2011, quando muita água foi perdida reaproveitamento e tratamento de esgoto, alternativa de captação no rio Paraíba do Sul e também a criação de um sistema de manobras, onde um manancial pode socorrer o outro em caso de emergência.

Nesta crise hídrica fica mais uma lição, que não foi aprendida pelo gestor do sistema que é o Governo do Estado, quando em 2004 o Cantareira chegou aos 30% de seu nível e houve rodízio e racionamento, ou seja, que é preciso estabelecer políticas de abastecimento de água e obras que acabem com a dependência hídrica do sistema Cantareira da qual após 16 anos de governo do PSDB ainda somos reféns, e mais, que a água não pode ser usada como instrumento político ou demagógico, porque é a natureza quem dita às regras.

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