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Um país de idosos. Estamos preparados?



Lembram-se das aulas de geografia na adolescência quando nos apresentavam uma pirâmide onde a base bem larga representava à população mais jovem? Pois é, a pirâmide não tem mais uma base deste tipo, fica mais estreita a cada dia. Representa uma tendência que os países da Europa convivem desde a década de 70, o envelhecimento da população. Na realidade, a tal pirâmide que nos ensinaram sobre demografia está de cabeça para baixo, com mais pessoas idosas e cada vez menos jovens.

Este fenômeno apontado pelo IBGE e confirmado pela fundação Seade, que faz pesquisas e divulga estatística, atinge diretamente o estado de São Paulo. Em 2027, nosso estado terá mais pessoas com mais de 60 anos que adolescentes de 15 anos. Os últimos levantamentos demonstram que em 2010 eram cinco milhões de idosos no estado, 11,6% da população. A previsão para 2050 é que o número triplique 29,8% dos moradores terão mais de 60 anos totalizando mais de 14 milhões de pessoas. Em contrapartida às crianças e adolescentes até 15 anos de idade que em 2010 eram quase nove milhões, 21,5% da população, em 2050 serão 14% dos moradores de São Paulo, representando 14% do total.

Se tivermos mais velhos e menos jovens em um futuro próximo, conseqüências serão inevitáveis, como a diminuição da população economicamente ativa que cai de 67% para 56,2% e o impacto na Previdência Social. Menos pessoas vão contribuir e mais segurados vão receber benefícios.

Segundo o diretor de análises e disseminação de informações do Seade, Haroldo Torres, os números representam uma mudança na estrutura populacional do Estado. “Há um grande impacto nos setores da sociedade, já que temos três situações que mudam totalmente os números da população. Teremos cada vez menos crianças, a população em idade ativa vai parar de crescer e os idosos serão maioria. É um cenário preocupante para as políticas públicas”, afirmou.

A principal pergunta hoje é uma só: estamos preparados para sermos um país maduro em poucas décadas? Várias coisas precisam ser avaliadas, como a estrutura das cidades, saúde, acessibilidade urbana, lazer para o idoso, direitos, são algumas das muitas questões que precisam ser discutidas.

Andando pelo centro de São Paulo é possível perceber que muita coisa precisa ser feita. As calçadas possuem buracos, bueiros abertos, pouca acessibilidade nas calçadas, dificuldades nos pontos de ônibus e aos acessos ao metrô. Sem contar que as muitas vezes as vagas para idosos não são respeitadas e nos estabelecimentos a preferência nunca é respeitada. E como fica a situação quando em 2050 sete em cada dez pessoas circulando pelas ruas serão constituídas por idosos?

E a Previdência Social poderá arcar com todas as despesas, na medida em que os contribuintes vão diminuindo e os beneficiários aumentando?

O PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) tenta explicar esta conta. Segundo o PED a Região Metropolitana, no fim da década de 1990, apresentava uma média de 200 mil pessoas entrando por ano no mercado de trabalho. Atualmente, esse número tem projeção de 75 mil por ano para esta década.

Segundo a vice-presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), Adriana Bramante, algumas medidas são tomadas já prevendo problemas nos próximos anos. Captar trabalhadores do mercado informal que não contribuem com a Previdência é uma das metas. Por isso, houve uma redução de alíquotas para estimular que essas pessoas também contribuam. Por exemplo, são cobrados 5% (do salário-mínimo) para empreendedor individual e para dona de casa”, declarou.

A medida estimula que mais pessoas façam suas contribuições e consequentemente entrem como segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que acaba sustentando o sistema. “Como o número de idosos será grande, com o aumento de pessoas contribuindo, mesmo que paguem menos, ajuda nessa manutenção”, completou.

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